quarta-feira, 14 de julho de 2010

Felipe

Depois de um tempo a gente acaba esquecendo os cheiros.
Seria então esse o nosso sentido mais fugaz?
Mas ele é tão precioso quando passo em frente àquela árvore da esquina e sinto o cheiro do jasmim... aquele cheiro que me traz tão boas lembranças e que me parece agora mesmo poder sentir...
Mas eu não sinto mais o cheiro.
E o cheiro às vezes é tão importante...
Tem cheiros que eu não consigo comentar. Talvez haja um bloqueio grande, cercado de lembranças que meus dedos mal conseguem transcrever.

Tem dias que a gente precisa de um amigo. De um verdadeiro amigo. Tem dias que a gente precisa de um amor daqueles bem grandes que ultrapassam o sentido do querer. Aquele amigo, amor, companheiro...

Irei fumar em tua homenagem um fininho de porta de cadeia, numa manhã de segunda-feira, quando tudo está acabado.
E irei lembrar dos nossos sorrisos, ciúmes escondidos...
E irei lembrar mesmo quando te digo, num email decandente, confidências ao pé do ouvido, inseguranças, segredos...
E irei lembrar da tua voz ao telefone, me fazendo sentir por um instante a pessoa mais feliz do mundo.
Minha saudades...

Meu diário 15/06/2009
E quando quem te liga de repente é um grande amor?
Poderia então o mundo parar numa única respiração

Nossos segredos indecentes, nossas mentiras inocentes...
E coisas que deixamos pra contar depois, num depois que não mais existirá.

Lembro da pizza baiana, daquela pizzaria barata.
Lembro do quarto, da cama, da televisão...
Lembro de um filme, Viagem ao Centro da Terra, talvez, em que você disse que já havia visto, era horrível, saiu do quarto e deixou os amigos empolgados assistindo. Nossa! Como o filme era ruim!! E nós lá no quarto esfumaçado assistindo!

Lembro de quando bateu o carro e deixou uma foto com aquele sorriso lindo, de quem tinha feito besteira, embaixo da porta do quarto dos seus pais como pedido de desculpas!

Lembro de você, meu amigo...
E às vezes me pego procurando pedaços seus em corpos alheios. São os olhos, é a tatuagem.
Mas não é você.
E nunca vai ser.

E não direi aqui segredos, que a ti não foram ditos, segredos que tanto sonhei dizer...
Mas por quê a gente não os diz? Por quê esperamos pela ocasião? Que ocasião?
Uma morte?
E nos dilacera o peito saber que fomos incapazes de dizer tudo.

Sua voz me acalmava.

♫ São cantos de dor, que dos olhos caem, é porque bem sei que quem tanto amei não verei jamais... ♫

Te amo,
Iole

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