Ciúmes de tremer as mãos, de sentir o peito oco como se nada houvesse ali dentro.
Nós mesmos somos o ápice da contradição.
Ella não aceita que elle tenha outra. Briga, chora, grita. Mas ella mesma tem outros.
Quando é com a gente tudo é válido? Ou vivemos nessa eterna contradição moral do ciúme? Sentimos um ciúmes doentio, mas não queremos nós mesmos deixar de sentir e ter nossos prazeres. É que torna-se quase impossível isso!
Como entender um mundo que além de dois existem milhares? Como deixar de sentir, de ter tesão, de desejar e, por quê não, de amar milhares de vezes? Somos todos iguais.
O ciúme é só vaidade nessa terra de inseguros?
Nem eu mesma consigo me compreender. E se fosse só eu talvez me sentisse errada, louca. Mas são todos! Reparados em pedaços de conversas, em olhares contidos ou escancarados, num gesto, num aperto de mão! Somos todos possessivamente amantes!
Mas é que é confuso e conturbado mesclar liberdade e possessão.
Querer livre para ser livre ou ser livre para querer livre?
Vivemos assim nessa corda bamba de um risco prazeroso.
Tudo é dual, a guerra é produto da paz, e ciúme é fruto do saber dos próprios desejos.
Como é que eu posso querer alguém e ao mesmo tempo ter tanto medo de não ter as outras maçãs que estão no caminho?
E como eu posso continuar querendo, e sofrendo, e tremendo que nem vara verde de bambu de um ciúme tão ruim assim?
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